moda lisboa core

Moda Lisboa Core – 60º edição, e a sustentabilidade?

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Foi no fim de semana do dia 9 a 12 de Março, que decorreu um dos eventos mais esperados do ano - Moda Lisboa, 60º edição.

O tema desta edição foi que não haveria tema de certa forma, não conceitualizar para além do núcleo que é o moda Lisboa, os seus designers, as suas vozes, visões e manifestos, daí a palavra core. Foram uns dias intensos para os admiradores e entusiastas da moda, criativos deram o seu melhor para se destacarem e serem autenticamente “próprios”. Porém, onde está a tendência do momento, a sustentabilidade?

Atualmente falar de moda sem referir a sustentabilidade é quase impossível, apesar de que muitas vezes o termo é atirado na conversa como uma estratégia de marketing e com uns stickers de orgânico, perdendo a sua real importância. Portanto, qual terá sido o caso no moda Lisboa? 

 

moda Lisboa, fast talks

A conversa de sustentabilidade iniciou-se logo no dia 9, no evento das Fast Talks onde vários convidados puderam refletir sobre a moda de autor ao lado da moderadora do evento Joana Barrios. Eduarda Abbondanza abriu a conversa (e o moda Lisboa) ao apresentar o core do evento, o núcleo que o representa – os designers – e a junção de todos, em especial depois do impacto da pandemia na sociedade. 

De seguida, João Esteves, da Diverge (marca de sneakers), e Inês Sequeira, da casa do impacto, falam sobre o projeto Imagine que trabalha com jovens em risco de exclusão social para os formar enquanto Designers e Empreendedores, e promovendo um impacto social e ambiental. Os jovens designers criam os seus sneakers e podem vendê-los no site da Diverge. Esta iniciativa é apenas uma das várias que a casa do impacto promove, sendo que trabalho com diversas outras marcas, muitas vezes sustentáveis, como é o caso da loja do zero. Inês refere ainda que a “moda é um espaço de liberdade”(…)”um setor mais à frente do que a sociedade anda”. O fato do programa atuar na área da moda apela e inspira mais os beneficiários do mesmo.

Olivia Spinelli, do IED MILAN, também falou de sustentabilidade, referindo-a como uma inspiração, e que de sustentabilidade a responsabilidade, prefere falar de responsabilidade. Mais do que ser sustentável é preciso ser responsável com as escolhas que fazemos e inovar; dá exemplo de um tecido criado para recolher a energia do corpo de alguém que corre (“quem corre precisa de muita energia para correr mas e se essa energia pudesse ser usada para criar ainda mais energia?”). Outros pontos que indica ainda como importantes, dentro da sustentabilidade como inspiração, são: pensamento 360º; parceiros/comunidade; + criatividade devido aos limites e à empatia (projetos inclusivos). 

João Wengorovius Meneses apresentou o projeto beat by be@t, um programa de capacitação de novos talentos de Moda e PMEs do setor têxtil para a Sustentabilidade e Circularidade, do qual a ModaLisboa é parceira, cuja meta é “resolver problemas reais”. Refletiu ainda que “se queres ir longe vai acompanhado” e que a “lei da vida é a metamorfose”. As inscrições para esta iniciativa decorrem até dia 31 de Março.

Posteriormente alguns designers falaram sobre as suas marcas e próximas coleções, sendo que Ana Duarte aponta que a sustentabilidade é um foco, tendo pequenas produções que geram menos desperdício e procura usar materiais mais sustentáveis. No entanto, recorda que a sustentabilidade também passa pelo económico e que o contexto social e económico em que estamos a entrar irá influenciar a marca. “A moda é instável” – diz Ana, relembrando os últimos eventos desestabilizadores da sociedade, a pandemia e a guerra.

Pode-se considerar que a moda de autor já será um passo à frente no que toca à sustentabilidade uma vez que é uma moda mais lenta, com menos coleções, por vezes mais pequenas, produções menores, etc; e assim afirma-se com certeza que o Moda Lisboa foi sustentável. Pode-se também questionar se a moda sustentável é uma utopia, e se o cansaço e a falta de empatia nos cega para o que é realmente importante. O fato é que a moda, de uma perspetiva mais sustentável, é responsabilidade do criador mas também de quem a usa, teremos nós a força para aceitar esta responsabilidade e fazermos escolhas conscientes?

Independentemente, não se pode negar que a sustentabilidade foi de fato tema no moda Lisboa, desde os alunos do IED com as suas coleções de slow Fashion, que faziam questionar se é necessário este ritmo acelerado que temos vivido; aos livros de Constança Entrudo sobre a coleção, revestidos com restos da coleção de forma a combater o desperdício; aos casacos de Luís Buchinho trabalhados com retalhos de coleções antigas, o que permitiu-lhe aproveitar tecidos que dificilmente teriam outro destino; e até aos convidados com peças feitas por si, inclusive algumas de upcycling.

A moda portuguesa deu a festa deste fim de semana, mas não esqueceu a sua seriedade e compromisso com o planeta e com os portugueses.

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